As faces da Cabala
Por Kadu Santoro
Enquanto a Torá é a camada externa, ex-otérica, a Cabala corresponde a camada interna, es-otérica. A Cabala pode ser vista como uma religião quando se quer aprender sobre religião a partir dela; é uma filosofia quando se quer aprender sabedoria a partir dela; é misticismo quando se quer ter experiências numinosas a partir dela. No entanto, a Cabala está além de todas essas faculdades humanas, psíquicas e espirituais, corresponde a um sistema universal aberto, trata-se de Luz e Vida, que sustenta todas as coisas em seus infinitos níveis de realidade, capaz de despertar um simples mortal para a sua condição imortal, eterna.
A Cabala traz em seu escopo uma mensagem de amor, beleza e harmonia, que encontra-se presente em todas as culturas do nosso pequeno planeta, do oriente ao ocidente, mudando apenas a forma, porém, mantendo a essência comum a todos.
Enquanto a Torá fala literalmente dos hebreus vagando por 40 anos no deserto, a Cabala nos ensina que essa passagem em seu nível interno (sod), corresponde ao caminho vivencial do homem até os 40 anos, idade que corresponde o início da sua maturidade, pois o número quatro na gematria, significa força, estabilidade e realização. Idade em que a média dos homens já constituíram família, estabilidade financeira, emocional e de agora em diante poderá se dedicar a buscar mais sabedoria e entendimento sobre coisas de ordem espiritual.
É assim que a Cabala opera, elucidando os episódios da vida, dando-lhes um sentido existencial mais profundo, para que o ser humano possa compreender de uma vez por todas que ele é imortal e parte integrante do Todo.
Só a simples intenção de querer estudar a Cabala, já começa a transformar a vida do indivíduo como um verdadeiro milagre. Ele já não se preocupa como antes com as circunstâncias cotidianas, pequenas do dia a dia, já começa a não ter nostalgia do passado e muito menos ansiedade pelo futuro. Passa a viver cada dia, cada momento, cada instante em estado de presença e atenção. Não perde mais tempo atrás de certezas e razões, vive e compreende que as coisas são exatamente como são, e não como pensa que é, não faz mais juízo entre bem e mal, encontra-se acima das dicotomias, lúcido de que tudo aquilo que é “bom” para o ego, é “ruim” para a essência. Encontra a sua felicidade nas simples e pequenas coisas.
Paz Profunda!
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