Sobre a Sombra (Arquétipo)
A Sombra descreve a parte da psique que um indivíduo prefere não ter presente. As partes negadas do Eu. Embora porque o Eu contém igualmente tais aspectos, estes surgem de uma forma ou de outra.
A sombra é... aquela personalidade oculta, reprimida, quase sempre de valor inferior e culpada que estende suas últimas ramificações até o reino dos pressentimentos animais e abrange, assim, todo o aspecto histórico do inconsciente... Se até hoje se era da opinião de que a sombra humana é a fonte de todo mal, agora se pode descobrir numa investigação mais precisa do que no homem inconsciente justamente a sombra não consiste apenas em tendências moralmente descartáveis, mas também mostra uma série de boas qualidades, nomeadamente instintos normais, reações adequadas, percepções fiéis à realidade, impulsos criadores...
A Sombra é algo consubstancial para o indivíduo, pois a própria natureza do mundo implica que exista luz e escuridão.
A oposição do luminoso e bom, por um lado, e do escuro e mau, por outro, foi abandonada abertamente ao seu conflito, enquanto Cristo representa o bem sem mais nem menos, e o opositor de Cristo, o Diabo, representa o mal.
Esta oposição é propriamente o verdadeiro problema universal, que ainda não foi resolvido!
A força da Sombra não só age negativamente, mas também positivamente. Ainda uma vida feliz não é viável sem uma medida de escuridão, e a palavra felicidade perderia o seu sentido se não estivesse balanceada com a tristeza. É muito melhor levar as coisas como elas vêm, com paciência e equanimidade.
— Carl Gustav Jung