terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Rebelião de Shimabara, contra a perseguição aos cristãos

 

Rebelião de Shimabara, contra a perseguição aos cristãos


Rebelião de Shimabara (島原の乱 Shimabara no ran) foi uma revolta de camponeses japoneses, na sua maioria cristãos, entre 1637 e 1638, durante o Período Edo. Foi uma das poucas revoltas ocorridas num período relativamente pacífico, o xogunato Tokugawa.


Os impostos foram drasticamente aumentados, quando o clã de Matsukura estava para iniciar a construção de um novo castelo em Shimabara. Essa atitude provocou a ira dos camponeses locais e dos samurais. Além disso, a perseguição religiosa contra os cristãos locais aumentou o descontentamento, que se transformou em revolta aberta em 1637. O xogunato Tokugawa enviou uma força de mais de 125 000 homens para reprimir os cerca de 27 mil camponeses, e depois de um cerco prolongado contra os rebeldes no Castelo Hara, o xogunato obteve a vitória.

O líder da rebelião, Amakusa Shiro, foi decapitado e a perseguição ao cristianismo tornou-se rigorosamente severa. A política de isolamento do Japão foi reforçada, e a perseguição formal aos
cristãos continuou até a década de 1850.



Estátua de Amakusa Shiro no castelo Hara


Em meados da década de 1630, camponeses da península de Shimabara e das ilhas Amakusa, insatisfeitos com impostos excessivos e o sofrimento dos efeitos da fome, se revoltaram contra os seus senhores. Isso foi mais precisamente no território governado por Matsukura Katsuie e no Domínio Karatsu, governado por Teresawa Katakata. Embora a rebelião seja considerada por alguns historiadores como uma revolta religiosa, esta não aborda as questões do descontentamento a partir da fome e impostos. Dentre as pessoas afetadas também incluem-se os pescadores, artesãos e comerciantes. A medida que a rebelião propagava, samurais sem mestre (ronins) que antes haviam servido famílias tais como Amakusa e Shiki que outrora viveram na área, também uniram-se ao movimento.  Como tal, a imagem de uma revolta inteiramente "camponesa" também não é inteiramente correta.

Shimabara foi domínio da família Arima, que era cristã; como consequência, muitos habitantes locais foram também cristãos. Os Arimas foram substituídos em 1614 pelos Matsukuras. O novo senhor, Matsukura Shigemasa, tinha aspirações de progressão na hierarquia do xogunado, e assim ele esteve envolvido em vários projetos de construção, incluindo a construção e ampliação de Castelo Edo, bem como o planejamento da invasão de Luzon. Também construiu um novo castelo em Shimabara. Como resultado, ele colocou uma imensa e desproporcionada carga fiscal sobre o povo de seu novo domínio, ainda mais indignado por perseguições ao cristianismo.
Os habitantes das ilhas Amakusa, que tinham sido parte de Konishi Yukinaga, sofreram o mesmo tipo de repressão nas mãos da família.


A rebelião
Os descontentes e samurais, bem como os camponeses, começaram a se reunir em segredo para formar uma rebelião; esta eclodiu no outono de 1637, quando o daikan local (agente fiscal) Hayashi Hyōzaemon foi assassinado. Ao mesmo tempo, outros se rebelaram nas ilhas Amakusa. Os rebeldes aumentaram rapidamente suas forças, forçando todos na área a se juntarem à insurreição. Um carismático garoto de 14 anos, Amakusa Shirō, logo foi escolhido como o líder da rebelião.

Os rebeldes sitiaram o clã Terasawa e castelos Hondo e Tomioka, mas pouco antes dos castelos que estavam prestes a cair, os exércitos dos domínios vizinhos em Kyushu chegaram, e forçaram os rebeldes a recuar. Os rebeldes, em seguida, atravessaram o Mar Ariake e brevemente sitiaram o Castelo de Shimabara de Matsukura Katsuie, mas foram novamente repelidos. Neste ponto, eles se reuniram no local do Castelo Hara, que tinha sido o castelo do clã Arima antes de sua mudança para o domínio de Nobeoka. Eles construíram paliçadas utilizando a madeira dos barcos com que tinham atravessado a água, além de estarem fortemente armados pelas armas, munições e provisões que haviam saqueado a partir de armazéns do clã de Matsukura.

Depois da tomada do Castelo Hara, o cristianismo ganhou muito espaço entre os rebeldes. Livros descrevem que, em momentos de desespero, os camponeses se apoiavam na fé, levantando cruzes e bandeiras brancas. Para adquirir coragem, rezavam e gritavam os nomes de Jesus Cristo e da Virgem Maria. Em uma escavação arqueológica na fortaleza, iniciada em 1992 com o patrocínio da prefeitura de Nagasaki, foram encontradas imagens de bronze de Jesus, Maria e São Francisco Xavier, além de cruzes e rosários.




Estátuas budistas de Jizō, o bosatsu de misericórdia, decapitados pelos rebeldes cristãos.

Cerco do Castelo Hara
Quando soube da ocupação do castelo abandonado, Terazawa Katataka, senhor feudal de Amakusa, enviou 3 mil guerreiros para a região. Apenas 200 voltaram vivos. Quando o xogum Iemitsu Tokugawa ficou sabendo do massacre dos homens de Katakata ficou impressionado com a resistência dos rebeldes e enviou uma tropa de 26 mil soldados comandados por Shigemasa Itakura. No primeiro ataque, 600 homens morreram e, na segunda tentativa, 5 mil homens de Itakura foram mortos, enquanto menos de 100 rebeldes ficaram feridos.

Em janeiro de 1638, as tropas do xogum tentaram invadir o castelo e foram duramente castigadas, a ponto do comandante Itakura ter sido morto em combate. Ele foi substituído por, Matsudaira Nobutsuma. Fontes indicam a participação de Miyamoto Musashi, em um papel de aconselhamento de Hosokawa Tadatoshi. Mas, historicamente, não há provas da participação dele na batalha.
A chegada de Nobutsuma a Hara foi importante para a mudança de estratégia. Ele fez um cerco em volta do castelo, para evitar que os rebeldes saíssem do forte em busca de comida, com o objetivo de fazer os rebeldes se rendessem. Passados alguns dias, ele jogou uma carta dentro do castelo que com a qual prometia perdoar aqueles que se entregassem, mas não adiantou.



Mapa do cerco do Castelo Hara

As forças do xogunato pediram ajuda aos neerlandeses, que primeiro deram pólvora e canhões.Nicolaes Couckebacker, opperhoofd da feitoria pertercente aos Países Baixos em Hirado, providenciou a pólvora e canhões, e quando as forças do xogunato solicitaram que ele enviasse um navio, ele pessoalmente acompanhou o navio de Ryp para uma posição próxima ao Castelo Hara. Os canhões enviados anteriormente foram montados em uma bateria em um barco de guerra, começando o ataque, tanto dos canhões da costa e também dos 20 canhões do de Ryp. Estas armas dispararam cerca de 426 projéteis em 15 dias, sem grande resultado, e dois vigias holandeses foram baleados pelos rebeldes.
E, em vez de forçar a rendição dos camponeses, a artilharia pesada parece ter dado matéria-prima para os rebeldes: arqueólogos encontraram 16 cruzes de metal no castelo, provavelmente feitas a partir da fundição dos projéteis.
O navio foi retirado a pedido dos japoneses, em seguida receberam as mensagens de desprezo enviadas pelos rebeldes para as tropas sitiantes:
"Não existem soldados mais corajosos no reino para combater conosco, e não estão envergonhados de terem chamado ajuda de estrangeiros contra o nosso pequeno contingente?"

Queda dos rebeldes

Em uma tentativa de tomar o castelo, Itakura Shigemasa foi morto. Logo chegaram mais tropas do xogunato sob o comando de Matsudaira Nobutsuna para substituir Itakura. Em abril de 1638, havia mais de 27 mil rebeldes enfrentando cerca de 125 000 soldados do xogunato. Um mês depois, um grupo de camponeses tentou um ataque noturno às tropas do governo, sendo que, 380 rebeldes morreram e alguns sobreviventes capturados revelaram que não havia mais comida ou pólvora dentro do castelo.
Em 12 de abril de 1638, as tropas sob o comando do clã Kuroda do Domínio de Hizen invadiram a fortaleza e capturaram as defesas externas. Os cristãos lutaram desesperadamente. Além de espadas e lanças, utilizaram pedras, pedaços de madeira, utensílios de cozinha ou qualquer coisa que pudesse ser empunhada como arma ou atirada do canhão que eles possuíam.

Forças presentes em Shimabara
Estátua do vice-comandante do exército do xogunato, Toda Ujikane.
A Rebelião de Shimabara foi o maior esforço militar desde o Cerco de Osaka onde o xogunato tinha de dirigir um exército aliado formado por tropas de vários domínios. O primeiro comandante geral, Itakura Shigemasa, tinha 800 homens sob seu comando direto; seu substituto, Matsudaira Nobutsuna, tinha 1 500. O vice-comandante Toda Ujikane tinha 2 500 de suas próprias tropas. 2 500 samurais do Domínio de Shimabara também estavam presentes. Boa parte do exército do xogunato foi formado a partir de domínios vizinhos de Shimabara. A maior parcela, totalizando mais de 35 000 homens, veio do Domínio de Saga, e estava sob comando de Nabeshima Katsushige. Em segundo lugar em números estava a força dos domínios de Kumamoto e Fukuoka; 23 500 homens sob o comando de Hosokawa Tadatoshi e Kuroda Tadayuki respectivamente. Do Domínio de Kurume foram 8 300 homens subordinados a Arima Toyouji; do Domínio de Yamanaga 5 500 homens sob as ordens de Tachibana Muneshige; do Domínio de Karatsu, 7 570 homens estavam aos comandos de Terasawa Katataka; de Nobeoka, 3 300 estavam sob as ordens de Arima Naozumi; do Domínio de Kokura, 6 000 estavam sob as ordens de Ogasawara Tadazane e seu braço direito, Takada Matabei; provenientes do Domínio de Nakatsu, 2 500 homens estavam sob as ordens de Ogasawara Nagatsugu; de Bungo-Takada, 1 500 eram comandados por Matsudaira Shigenao, do Domínio de Kagoshima, 1 000 homens estavam as ordens de Yamada Arinaga. As únicas forças que não eram de Kyushu, além dos comandantes militares pessoais, foram 5 600 homens do domínio de Fukuyama, sob o comando do Mizuno Katsunari,[20] Katsutoshi, e Katsusada. Houve também um pequeno número de tropas de vários outros locais na quantidade de 800 homens. No total, o exército do xogunato foi composto por mais de 125 800 homens. Por outro lado, a quantidade de pessoas que compuseram as forças rebeldes não é precisamente conhecida. Estima-se que eram mais de 14 000 combatentes e que o número de não-combatentes abrigados no castelo durante o cerco eram mais de 13 000. Uma fonte estima que o tamanho total da força rebelde era algo entre 27 000 e 37 000, uma fração, se comparada ao tamanho das forças enviada pelo xogunato.

Epílogo
Depois que o castelo caiu, as forças do xogunato decapitaram cerca de 37 000 rebeldes e simpatizantes. A cabeça decepada de Amakusa Shiro foi levado para Nagasaki para exibição pública, e todo o complexo do Castelo Hara foi totalmente queimado e enterrado junto com os corpos de todos os mortos.
Cristãos e estrangeiros passaram a ser os maiores inimigos do governo Tokugawa. Por exemplo, em Nagasaki, padres eram mortos em público e queimados vivos. Aproximadamente 80% dos cristãos da cidade foram executados e os outros foram presos ou escravizados. Prêmios em dinheiro eram oferecidos aos que denunciassem os religiosos clandestinos.

O xogunato suspeitou que católicos ocidentais tinham sido envolvidos na divulgação da rebelião e comerciantes portugueses foram expulsos do país. A política de isolamento nacional tornou-se mais rigorosa em 1639. Uma proibição já existente da religião cristã foi, então, aplicada rigorosamente, e o cristianismo no Japão sobreviveu apenas por meio dos Kakure Kirishitan.
Outra das ações que depois foi tomada pelo xogunato foi o perdão das contribuições de construção aos domínios que haviam apoiado militarmente. Matsukura Katsuie cometeu suicídio, e seu domínio foi dado a outro senhor, Koriki Tadafusa.[16] O clã de Terazawa sobreviveu, mas desapareceu quase 10 anos depois, devido à falta de um Katataka como sucessor.
Na península de Shimabara, a maioria das cidades experimentaram uma grave perda de população, como resultado da rebelião. A fim de manter os campos de arroz e outras culturas, migrantes foram trazidos de outras áreas em todo o Japão para reassentar a terra. Todos os habitantes foram registrados em templos locais, cujos sacerdotes eram obrigados a atestar a filiação religiosa de seus membros.
Com a exceção de alguns levantes locais, a Rebelião de Shimabara foi o último confronto armado em larga escala no Japão até 1860.
Até hoje, em datas festivas, as perseguições aos cristãos são lembradas. Na semana do Festival Okunchi, celebrado entre os dias 7 e 9 de outubro em Nagasaki, os moradores da cidade abrem a porta de suas casas e exibem seus pertences no jardim. Trata-se de um antigo costume do século 17, quando eles eram obrigados a mostrar tudo o que possuíam para provar que não eram católicos.



O arco japonês

 

                O arco japonês



A presença dos arcos no mundo é muito antiga. Acredita-se que desde fins da Idade da Pedra, o arco já era usado no Oriente Próximo e Médio. No Japão não foi diferente e há vestígios, de que os primeiros arcos japoneses vêm dessa época. Um exemplo é um sino de bronze encontrado em que há desenhos inscritos, datado do fim da Idade da Pedra. Por isso também é comum se dizer que o kyūdō, o caminho do arco, é a mais antiga das artes marciais tradicionais do Japão, já que arcos têm sido usados desde a Pré-História.

A influência chinesa

Do século IV a IX, a proximidade entre China e Japão teve grande influência tanto nas técnicas de produção do arco em si, como na utilização e filosofia adjacente ao uso do mesmo. Em especial, as crenças confuncionistas de que, pela dedicação ao arco, uma pessoa poderia encontrar seu verdadeiro eu tiveram grande peso na cultura do arco-e-flecha japonesa.

A literatura sobre arco-e-flecha era vasta na China desde há muito. Livros dos fins da Dinastia Han (II d.C), como O livro dos ritos e O livro de Zhou, exerceram grande influência no Japão, levando consigo o pensamento de Confúncio. Esse forte intercâmbio cultural com a China ocorreu principalmente nos séculos IV e V d.C., pela época do lendário Imperador Ōjin, e atingiu os valores, a ideologia e a etiqueta da Corte Japonesa até com relação ao modo de se praticar arco-e-flecha – nascendo aí o lado cerimonial da prática, cultivado ao longo da era feudal nipônica. Então, enquanto os nobres da Corte se concentravam na parte cerimonial do arco-e-flecha, os guerreiros se focaram no kyūjutsu, as técnicas marciais de se usar o arco como arma. Além disso, segundo consta no Kojiki (o mais antigo livro japonês), ao uso do arco longo era associado grande prestígio tanto ideológica quanto culturalmente. Um ditado chinês dizia: “De posse da flecha, o sábio resolve suas diferenças”; tal pensamento também se tornou próprio da cultura militar japonesa.

O período feudal japonês (1187-1867)


Quando Yoritomo de Minamoto deu início ao Xogunato em Kamakura (inaugurando a Era Kamakura e, com ela, o período feudal), estabeleceu também o código de comportamento e pensamento do guerreiro, pregando que através da técnica de arco-e-flecha a cavalo (kyūba) poderia se dar o desenvolvimento do espírito. Para o disciplinamento da mente e do corpo, assim como para a prática das técnicas de combate, eram realizadas cerimônias de kyūba, como a inu-ōmono, a kasagake etc.

A grande cerimônia de yabu-same (um dos estilos de kyūba), na qual animais capturados são libertados, por exemplo, acontece ainda hoje no templo de Hachiman, em Tsurugaoka. Naquela época também era popular a caça esportiva, pelo que, novamente, na Era Heian, a arte do arco tornou-se a arte da guerra. O inu-ōmono, o kusajishi, entre outros cerimoniais, ainda podem ser vistos hoje, pois se tornaram esportes, com regras bem definidas.

O desenvolvimento das técnicas

A partir do Período das Duas Cortes (Nambokuchō, 1336-92) e atravessando da Era Muromati (1392-1573), houve uma inovação de estilo no que concerne às técnicas de arco-e-flecha.
Na época do Imperador Godaigo, o método de tiro transmitido pela sociedade feudal foi criado por Nagakiyo e Sadamune Ogasawara, que estabeleceram as regras de etiqueta do arqueiro a cavalo. Depois, a família Ogasawara tornou-se instrutora do xogum Tokugawa e sua família. Em termos de registro das técnicas de tiro da época, o mais detalhado é provavelmente um grande compêndio escrito por Ryōshun Imagawa.

Quanto a Danjōmasatsugu Heki, pai do estilo Heki, também ele era uma pessoa desse tempo. A técnica de tiro de Heki foi posta em prática e teve sua difusão nessa época. Suas técnicas foram, em seguida, passadas a Shigekata Kōzuke-no-Suke Yoshida e, então, acabaram por se dividir em dois novos estilos: o estilo Izumo e o estilo Sekka – os quais voltaram a se subdividir, este dando origem ao estilo Dōsetsu, aquele ao estilo Insai e outros mais. Muitos eram os grandes talentos dedicando-se à arte do arco naqueles anos, pelo que as técnicas de arco-e-flecha evoluíram bastante e rapidamente. Além disso, uma outra família (afiliada aos Yoshida) também se dedicou a essa arte: o monge Tikurin desenvolveu um estilo de mesmo nome, depois consagrado por seus filhos.

Desse modo, nos cento e cinqüenta anos entre o fim da Era Muromati e o princípio do período Tokugawa (séculos XV-XVII) muitos estilos surgiram e se desenvolveram. Após isso, houve apenas mais dois: no período Genroku (1688-1704), o surgimento do estilo Yamato desenvolvido por Kōzan Morigawa, a quem também é creditado o uso, pela primeira vez, do termo “kyūdō”, i.e., caminho do arco. Esse termo está ligado à ideologia Zen-Budista (antes se usava apenas kyūjutsu, um termo mais ligado à técnica e, portanto, de conotação mais militar). O outro evento se dá na Era Meiji (1868-1912), quando Toshizane Honda cria o estilo Honda.

O arco como disciplina do corpo e da mente


Já em fins da época de Ōda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi (séc. XVI), começaram a ser importadas armas de fogo e o arco deixou de ser usado como instrumento de guerra. Em verdade, esses dois generais foram os primeiros a utilizá-las com sucesso em uma batalha e, após isso, era questão de tempo até que o fato se consumasse: o arco foi preterido e quase esquecido por completo com a chegada das armas de fogo. Isso levou as técnicas de arco-e-flecha a se refinarem cada vez mais com o objetivo de disciplinar o corpo e a mente.
Dentro dessa nova perspectiva, um caso a se ressaltar é o dos torneios de tiro à longa distância (tōshiya), em que o alvo fica a cerca de 120m e 4,9m de altura do arqueiro. Existindo desde o séc. XII, especialmente na forma de “torneios de resistência”, ganhou popularidade por volta do séc. XVI, quando no período do xogunato Tokugawa grandes mudanças ocorreram na maneira de se encarar o arco-e-flecha, pelas razões supracitadas.

O torneio no Sanjūsangendō, em Quioto, é o maior desse tipo e ocorre desde 1165. Esses torneios duravam até um dia inteiro e cada arqueiro podia atirar centenas de flechas. Havia diferentes categorias, como a competição de doze horas, a de vinte e quatro horas, a de cem flechas e outra de mil flechas. Além disso, mulheres também podiam participar (a partir da Era Tokugawa). Em 1606, o recorde era de 51 flechas acertadas, mas, entre 1661-88, esse número chegou a recordes inimagináveis com os casos de Shigenori Kanzaemon Hoshino e de Daihachirō Wasa.

Em 1669, Shigenori Kanzaemon Hoshino alcançou a incrível marca de oito mil acertos das 10.542 flechas que atirou. Cerca de duas décadas depois, em 1686, Daihachirō Wasa conseguiu um feito ainda mais impressionante, estabelecendo o recorde de 13.053 tiros com 8.133 acertos (uma média de 62% de acertos e um tiro a cada 6,6 segundos). O torneio de Sanjūsangendō ainda acontece, mas agora suas categorias são diferentes e as provas duram menos tempo.

No tiro à longa distância é preciso atirar rapidamente, logo os métodos e instrumentos usados são diferentes. Por exemplo, atira-se sentado e o arco não deve rodar na mão após o tiro (hoje, existe uma luva mais grossa no dedão usada no tōshiya que consegue impedir o giro sem exigir tanto do arqueiro, no entanto essa luva é uma invenção moderna).

O fim do xogunato e a Restauração Meiji

Com o prosseguimento da paz na Era Edo, o aperfeiçoamento do arco-e-flecha continuava, fosse enquanto técnica militar, fosse enquanto “caminho zen”, estabelecendo-se como disciplinamento para corpo e mente; mas, como o treinamento militar do fim do feudalismo (período quando dominavam os xoguns) da Era Edo não tinha por objetivos reais a guerra, um dia tudo parou. Numa época de ocidentalização e de armas de fogo não havia mais espaço para a tradição arqueira aparentemente.

No entanto, os treinos de kyūba continuaram a ser realizados, como parte do treinamento dos graus inferiores dos soldados. Até que no ano 28 da era segunte (a Era Meiji), aconteceu, em Quioto, o I Encontro Nacional de Artes Marciais do Japão, no qual, naturalmente, também aconteceram competições de kyūdō, contribuindo para a revitalização dessa arte.

Outro fator importante foi o feito de Honda Toshizane, um instrutor de kyūdō na Universidade Imperial de Tóquio, que combinou elementos do estilo de guerra e do estilo cerimonial de arco-e-flecha num novo estilo híbrido, que se tornou conhecido como Honda-ryū (Estilo Honda). Esse estilo se tornou popular entre o público geral e, para alguns, é o verdadeiro salvador do arco-e-flecha japonês do esquecimento em que vinha caindo.

Nas Eras Taishō (1912-26) e Shōwa (1926-89), o kyūdō passou a ser incluído no currículo escolar (a partir do segundo segmento) como disciplina obrigatória ou opcional (nos clubes esportivos); porém o início da II Guerra Mundial, em 1941, fez com que o Ministério japonês da Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia (Monbushō) declarasse as artes marciais como exercício de Educação Física, novamente ligando essas artes diretamente ao combate. Desse modo, com o fim da guerra, as aulas de kyūdō foram proibidas (novembro de 1945).

Seis anos depois, o Monbushō expediu uma nota suspendendo a proibição e permitindo a prática de kyūdō, mas apenas em 1967 a Secretaria de Educação Física aprovou uma nota permitindo às direções das escolas do ensino médio adotar aulas de kyūdō, o que fez com que o kyūdō ganhasse um novo significado na educação: passou a ser visto como uma disciplina para educação corporal.

Com a ocupação americana no Pós-II Guerra, todas as artes marciais foram proibidas, contribuindo ainda mais para o declínio do kyūjutsu tradicional. Então, quando a proibição contra artes marciais acabou, o kyūdō (e não o kyūjutsu) havia se tornado uma prática comum a todo o Japão. Em 1953, a Federação Nacional de Kyūdō (ZNKR ou ANKF) foi fundada, publicando um manual com seus padrões e supervisionando o desenvolvimento de kyūdō tanto no Japão quanto em outros países.

Hoje, já existe uma Federação Européia de Kyūdō, que promove seminários anuais e provas. A partir de 1993, o mesmo passou a acontecer nos EUA.

Daí por diante, com os novos métodos de pesquisa das ciências modernas, as novas bases da ideologia por trás das artes marciais passaram a ser atreladas à educação, sendo a manutenção de sua difusão de grande importância.

Os Samurais

 

                Os Samurais





Os samurais eram os lendários guerreiros que no antigo Japão levaram vidas de nobres e violentas regidas pelos ditames da honra, da integridade pessoal e da lealdade. Esses ideais se concretizavam nos serviços que os samurais prestavam a seus senhores feudais por intermédio do governo e a seus comandantes nos campos de batalha. Eram um dever cuja expressão mais sublime se encontrava na morte.

Entretanto, por trás desses princípios encontra-se um desejo que sobressai aos ditames impostos pelos serviços a outrem. Trata-se da necessidade de ser reconhecido — porquanto, se lermos nas entrelinhas de muitos relatos sobre a bravura dos samurais, o resultado sugerirá que a lealdade ao grupo ou ao lider tinha certos limite. Nesses casos os limites eram determinados pelo tremendo impulso de ser visto não apenas como um samurai, mas como  "o samurai", em cujas ações e façanhas individuais todo o universo guerreiro pudesse resumir-se. 

domingo, 12 de janeiro de 2025

Inveja não cultive esse sentimento maligno.

 Inveja não cultive esse sentimento maligno.





As pessoas são invejosas por não saberem  cultivarem seus próprios potenciais.


Uma coisa muito chata, literalmente é conviver com quem tem inveja de você ,nós. Mas, eu  confesso que todo mundo já teve uma dorzinha de cotovelo... Eu mesmo já tive. Mas é ruim deixar a inveja dominar. Tem que ser forte.

Inveja e mentiras,fingimentos e traições,engano.Mas tenho o remédio certo para essa doença.

Filho de Deus todo poderoso não cai.

As cobras que me causa medo hoje são apenas lagartixas.

Pessoas boas me mostram o que eu quero para mim.

O contrário me mostra o que eu não quero,em vida.

Lembre_se a inveja nasceu  lá no céu no coração de lúcifer o diabo.

Pessoas invejosas não vão pra frente só andam pra trás feito caranguejo.

Portanto muito cuidado com a síndrome da inveja luciferiana. Não carregue a inveja no seu coração.

Veja o que diz:

Ezequiel 28:17-18

 


17 Seu coração tornou-se orgulhoso

por causa da sua beleza,

e você corrompeu a sua sabedoria

por causa do seu esplendor.

Por isso eu o atirei à terra;

fiz de você um espetáculo

para os reis.


18 Por meio dos seus muitos pecados

e do seu comércio desonesto

você profanou os seus santuários.

Por isso fiz sair de você um fogo,

que o consumiu,

e reduzi você a cinzas no chão,

à vista de todos

os que estavam observando.


Francisco Araújo 

 




Fator Cultural: O Seppuku

 

Fator Cultural: O Seppuku



Seppuku (切腹) é o termo formal para o ritual suicida chamado popularmente de harakiri (腹切り).Harakirisignifica literalmente "cortar a barriga","cortar o estômago" ou "abrir o ventre", e é uma forma de suicído por esventramento. 
Era cometido por guerreiros, como uma forma de expiar seus crimes, pedir desculpas por seus erros, escapar da desonra, arrumar perdão para seus amigos e provar sua sinceridade.
No universo dos samurais, o seppuku era um admirável ato de bravura por parte do samurai que se sabia derrotado, desgraçado ou mortalmente ferido. Significava que ele podia encerrar seus dias com as transgressões apagadas e com sua reputação não somente intacta, mas engrandecida. Rasgar o ventre libertava o espirito do samurai da maneira mais dramática, mas era um meio extremamente doloroso e   desagradável  de morrer, muitas vezes o samurai que perpertuava o ato pedia a um companheiro leal que lhe cortasse a cabeça no momento da agonia, tal companheiro de decapitador era função de kaishaku.
A mais antiga referência ao seppuku ocorre no Hogem Monogatari, que trata dos conflitos que envolveram os  Clãs dos Taira e os Mimanoto em 1156. A menção ao fato de que um samurai chamado Uno Chikaharu e seus seguidores foram capturados tão rapidamente  que " não tiveram tempo de sacar a espada e rasgar o ventre" é tão prosaica que deixa a entender que a prática já havia se tornando comum, pelo menos entre os guerreiros do Japão.


O primeiro indivíduo  nomeado pelas crônicas da guerra a cometer seppuku foi o célebre arqueiro Minamoto Tametomo, que se suicidou quando embarcações cheias de samurais Taira se acercaram de sua ilha de exílio. O primeiro registro de um seppuku motivado pela derrota inevitável nua batalha em curso foi o de Minamoto Yorimasa, na batalha do Uji em 1180; seu suicídio se deu com tanta elegância que viria a servir de modelo para nobres e heróicos harakiri pelos séculos seguintes.  Enquanto seus filhos repeliam o inimigo,  Yorisama retirou-se ao isolamento do belo templo de Byodo-In. Ali ele escreveu um poema no verso de seu leque de guerra, que dizia:

Como uma árvore fossilizada
Da qual não colhemos flores,
Triste tem sido minha vida,
Fadada a não gerar frutos.

A seqüência de poema e suicídio de Minamoto Yorimasa foi imitada muitas vezes ao longo da história, portanto não há registro de nenhum membro da familia Taira tenha cometido Seppuku.

O poema Zeppitsu

Previamente a cometer Seppuku, bebia sake e compunha um último poema de despedida, a maior parte das vezes no dorso de um "Tessen" ou leque de guerra. A prática de escrever uma declaração sem premeditação em forma de poema nos últimos momentos de vida surgiu na China e estendendo ao Japão. Estes poemas chamavam-se "zeppitsu", "última pincelada" ou "yuigon", que literalmente significa "declaração que um Deixa para trás", esta última palavra contém conotações budistas. Estes poemas eram as palavras próprias da pessoa que ia a tirar a vida, não citações ou poemas de outros, e resumia os seus pensamentos e emoções no momento em que ia si matar.


Tipos de motivação para Seppuku:
• Sokotsu-shi "suicídio expiatório", ato que por si só apagava o passado como fracassos, crimes, vergonhas.
• Kanshi , suicídio como forma de protesto, para chamar a atenção dos daimiôs ou superiores.
• Junshi (acompanhamento na morte), onde os samurais e/ou seguidores realizavam o seppuku juntamente com seu daimiô, o acompanhado na morte. 



Atualmente seppuku 
Seppuku como punição judicial foi oficialmente proibida no Japão em 1873, embora a prática do seppuku não terminou em tudo. Eles têm documentado dezenas de casos de pessoas que fizeram o seppuku voluntário desde então, incluindo vários soldados em 1895 para protestar contra o retorno de um território conquistado para a China, Maresuke Geral Nogi (professor do Imperador Hirohito) e sua esposa até a morte Imperador Meiji em 1912, e muitos soldados e civis que escolheu morrer ao invés de aceitar a rendição após a Segunda Guerra Mundial.

Em 1970, o famoso autor Yukio Mishima e um de seus seguidores realizou um seppuku público após uma tentativa frustrada de incitar o exército para realizar um golpe. Mishima fez sua seppuku no escritório do general Kanetoshi Mashita. Sua Kaishaku, a 25 anos atrás chamado Masakatsu Morita, tentou por três vezes, sem sucesso, decapitá-lo. Finalmente, Hiroyasu Koga foi quem realizou a decapitação. Posteriormente, Masakatsu Morita tentou fazer seu próprio seppuku. Embora os cortes foram muito raso para ser fatal, fez um sinal para Koga para decapitá-lo também.

Em 1999, Masaharu Nonaka, um funcionário da Bridgestone no Japão, esfaqueou o abdômen para protestar contra sua aposentadoria forçada aos 58 anos de idade. Ele morreu mais tarde em um hospital por causa de lesões.


Sopa de beterraba – para servir quente ou fria

 Sopa de beterraba – para servir quente ou fria


Esta sopa de beterraba também é conhecida por Borsch (ou Borscht), e é tradicional em muitos países do Leste Europeu (Ucrânia, Polônia, Rússia, Romênia, entre outros). Seu principal ingrediente é a beterraba, o que lhe confere um lindo tom forte e avermelhado. A forma de preparo e ingredientes usados são bem diferentes em cada país, o que nos permite ter inúmeras variações bem interessantes para testar!

O prato pode ser servido quente ou frio. Nas versões quentes, inclui sempre outros legumes e pode até conter cogumelos e carne (ou ser preparada com caldo de carne). Lembra um guisado, e é bem adequada aos invernos rigorosos. Já na versão fria, ela é servida como um caldo fino, leve, e feito quase sempre, somente com a beterraba e algum legume.
Quando servido junto com creme de leite, nata ou iogurte natural, estes não são misturados à sopa. Coloca-se uma colherada generosa do creme no meio da sopa, para ser misturado a cada colherada. Mas sou da opinião de que o creme não faz falta, principalmente quando o objetivo é uma refeição leve e vegetariana!

A quantidade abaixo rendeu algumas porções que foram armazenadas em um pote hermético na geladeira. Consumi a sopa ao longo de 3 dias e seu sabor permaneceu inalterado. Recomendo como marmita para ser levada ao trabalho.

Sopa de beterraba

Ingredientes

500 g de beterrabas usei 4 pequenas1 cebola1 cenoura1 batata1 litro de água1 colher (sopa) de suco de limãoSal e pimenta do reino

Modo de fazer

Descasque os legumes e pique em pedaços médios.

Coloque a beterraba, cebola, cenoura e batata em uma panela de fundo grosso e cubra com 1 litro de água. Tempere com sal e pimento do reino a gosto.

Cozinhe em fogo médio, até que os legumes estejam macios.

Espere esfriar um pouco e processe em etapas (ou bata no liquidificador). Junte o suco de limão e corrija o tempero (se necessário).

Leve à geladeira até o momento de servir (caso vá servir fria).

Notas

A sopa de beterraba pode ser servida quente ou fria.

Fonte:http://www.santolegume.com.br/sopa-de-beterraba/

Jigai : o seppuku para mulheres

 

Jigai : o seppuku para mulheres


A palavra jigai (自害 ) significa literalmente " suicídio "em japonês . A palavra moderna para este ato para o suicídio é jisatsu (自杀).
Algumas mulheres pertencentes as famílias samurai cometeram o suicídio cortando as artérias com um só golpe, usando uma faca como um Tanto ou kaiken . O objectivo principal era conseguir uma morte rápida e determinada a fim de evitar a captura. Isso poderia ser feito também pelas razões mais diversas, não cair em desgraça, seguido de morte do marido ou senhor, não sendo feito prisioneiro, e assim por diante.



As mulheres foram cuidadosamente ensinada o jigai quando criança. Antes de cometer suicídio, uma mulher, muitas vezes amarrar os joelhos juntos para que seu corpo seria encontrado em uma digna pose, apesar das convulsões de um moribundo. Jigai, no entanto, não se refere exclusivamente a este modo particular de suicídio. Jigai foi muitas vezes feito para preservar a honra se uma derrota militar era iminente, de modo a evitar o estupro . Exércitos invasores, muitas vezes entrar nas casas para encontrar a dona da casa sentada sozinha, de costas para a porta. Ao aproximar-se dela, iriam descobrir que ela havia terminado sua longa vida antes de chegarem a ela.
Esta é a versão feminina do Seppuku , o suicídio ritual realizado por samurai do sexo masculino. Pode ser realizado sozinho sem a ajuda do Kaishakunin.


Ação e Não Reação

 Ação e Não Reação Parece a quem está longe do altar que aquele que não reage é passivo, contudo, para o Verdadeiro místico, é na verdade o ...